Agora que já estou de volta na minha terra, revisitando fotos e vídeos da viagem, organizando as compras e coisinhas que vão virar quadros nas minhas paredes, sinto que dá para pensar melhor nas coisas incríveis que vi por lá e listar de um jeito mais prático quais foram minhas favoritas.
Primeiro é importante dizer que ficamos três semanas, no total. Inicialmente, o plano era de duas – uma semana em Paris e outra no sul da França. Conforme fomos desbravando Paris e a média de quilômetros rodados andando se tornou DEZ, logo percebemos que enfiar tudo que a gente queria fazer em uma semana seria pouco tempo. Ah, e tinha pelo menos mais umas três cidades no sul que havíamos pensado em visitar. E Versailles. E Giverny. E Bordeaux.
Não ia dar tempo.
Ainda mais do jeito que eu gosto de levar minhas viagens. Com calma.
Uma coisa que eu aprendi ao longo dos anos viajando para lugares legais e turísticos é fazer as coisas com calma. Andar sem rumo ouvindo música. Prestar atenção nos detalhes. Sentar um pouco e ficar olhando as pessoas. Usar o metrô. Entrar em lojas aleatórias. Comer em lugares que parecem interessantes no caminho. Falar cos cachorro. Tal.
Gosto de mesclar dias assim com os de atividades mais turistonas (que por definição são mais caóticas pela quantidade de gente) e é tão gostoso. Sinto que desse jeito descubro mais sobre as cidades, as pessoas, as comidas… e crio minhas próprias experiências. Único “problema” é que desse jeito você consome um tempo de viagem que talvez não consiga equilibrar para ver todos os lugares turísticos que, na minha opinião, também merecem visitas calmas e com atenção (coisa que faço também sempre que dá – e quando não dá, fico com vontade de voltar para tentar de novo, com o Louvre aconteceu isso mesmo tendo ficado literalmente cinco horas andando lá). Choices né, cada um tem que ver o que faz mais sentido pra si. MESMO ASSIM ACHO QUE VOCÊ DEVIA TENTAR MAS TÁ, SEGUINDO
Antes de ir, eu pesquisei lugares e roteiros bem despretensiosamente, salvei algumas informações (TikTok foi uma das melhores fontes, dessa vez) e fotos de inspiração (amo ver as fotos bonitas que as pessoas tiram pelo mundão). Mas foi isso. Não fiz lista. Não procurei endereços. Não olhei os restaurantes. E não é que eu não goste de fazer essas coisas, é só que com o tempo eu fui percebendo que eu acho bem mais legal ir descobrindo tudo.
Dito tudo isso, vou focar esse post nos lugares mais legais que eu vi em Paris – os turistões e os não tanto, começando por um dos meus favoritos e já supracitados:
O Louvre
Eu sei lá o que aquele lugar tem mas minha vontade era ficar andando em voltas até ver absolutamente tudo e depois dar mais uma volta. Amei ver a Mona Lisa pessoalmente (não achei pequena, basta ter alguma noção de arte), amei o “The Wedding Feast at Cana” que foi todo um ~momento logo em frente (e sim, andei quilômetros pelo museu e voltei lá pra ver os dois de novo antes de ir embora), amei as cores das paredes, os bancos espalhados, as estátuas (deu vontade de chorar vendo a “The Winged Victory of Samothrace”), as informações sobre as obras, a parte das jóias, os detalhes nas colunas, os espelhos, as pirâmides lá fora, o jardim, o sanduíche que a gente comeu logo na saída. Amei tudo. FORA QUE:
Eu andava todos os cantos pensando na quantidade de coisa que existe por baixo de onde eu tava pisando e por trás das paredes. Se até os restaurantes e cafés da rua têm passagens secretas e dois ou três andares para baixo – imagina o Louvre caraaa –
Teria ido lá de novo uma segunda vez sem pestanejar.
Ah, já que estamos aqui, vou dar duas dicas:
1 – Chegue cedo. Escolhi o primeiro horário pra entrar (nove da manhã) e cheguei meia hora antes pra ficar andando lá por fora vendo a luz e achando tudo lindo e incrível e tranquilo. Entrei e fui direto na Mona por conta da pressão psicológica que todo mundo faz falando que é impossível chegar perto dela etc. Não só cheguei perto como fiquei lá olhando pra cara dela um tempão, tirei foto, fiz vídeo e cogitei ir falar com a segurança pra ver se ela me deixava chegar MAIS perto porque eu tava muito mas muito curiosa mesmo pra ver os traços de perto tipo colar minha cara no vidro sabe. No fim não pedi e por esse e outros motivos, vou ter que voltar.
2 – Não vá no banheiro da entrada que todo mundo vai. Além de fedido por ter um milhão de pessoas usando tudo o tempo todo, tem fila e sem tem uma coisa que eu odeio nessa vida é fila. Faça como a Cintia disse: chegue numa pessoa que trabalha lá com um sorrisão, diga “bonjour, ça va bien?” e outras coisinhas mais em francês e depois pergunte em inglês onde tem um banheiro um pouco menos disputado. Eu achei um no subsolo, pra lá da exposição de arte islâmica – limpinho e com ar condicionado.










A Torre Eiffel
Essa foi provavelmente uma das coisas mais especiais ao longo da viagem toda. Ver a torre de vários lugares diferentes, muitas vezes sem esperar vê-la. Tão linda e imponente mas ao mesmo tempo delicada e engenhosa. Desde o significado e a história da construção até a grandiosidade e arquitetura dela, todas as vezes que eu tinha oportunidade de ver a torre Eiffel, eu ficava meio hipnotizada. Na nossa primeira noite em Paris, fomos andando de onde ficamos hospedados até lá, sem saber dos horários da iluminação nem nada – a lua estava cheia e quando finalmente chegamos perto, a torre já estava apagada. Ver a silhueta dela iluminada apenas pela lua foi tão, mas tão bonito. Daquele dia em diante, mesmo quando nossos passeios não tinham nada a ver com a região da torre, ao final do dia eu sempre acabava pedindo pra gente ir lá de novo e íamos.
Pessoalmente, é muito mágico saber que para sempre terei a torre Eiffel como parte do cenário do dia em que fui oficialmente pedida em namoro (fomos andando do restaurante em que tudo aconteceu até ela, com a garrafa do vinho que não conseguimos terminar e uns biscoitos de aperitivo que coloquei no bolso do meu casaco). Sentamos à margem do rio Sena e ficamos lá conversando até as luzes se apagarem e depois ainda mais um pouco. A única coisa que ficava ecoando na minha cabeça era “Deus é muito bom”. Mas isso é história pra outro dia.
De dica, recomendo o rolê da subida até o topo da torre. A entrada para a parte interna é de graça apesar de não parecer por conta da estrutura. Lá dentro, você pode comprar os ingressos na hora e aí, se o tempo estiver bom, há opções: subir até a primeira base ou ir até o topo (summet) – achei muito gostoso estar lá no horário do pôr do sol (que em maio/2024 significou às 21h). Dessa forma, vimos tudo à luz do dia, depois o pôr do sol da segunda base e depois, lá de cimão, a cidade toda à noite. Magnifique.
Uma observação também sobre ruas e outros lugares “famosos” pela vista para torre: meh. A torre fica centralizada e existem pelo menos umas mil ruas que dão vistas maravilhosas para ela. Na internet, as pessoas falam sempre das mesmas como se fossem as únicas ou as “melhores”. Eu estive em todas as principais que constam nessas listas (muitas vezes inclusive sem querer, porque chegava nelas andando sem rumo) – Rue de l’Université, Pont d’Iéna, Place du Trocadero etc. Lógico, são lugares bonitos. Mas sugeriria zero stress em relação a isso. Para ter vistas deslumbrantes da torre basta estar lá, prometo.











A casa e os jardins de Monet em Giverny
Esse foi o último lugar turístico que visitamos. Houve uma primeira tentativa mas os trens estavam parados naqueles dias por conta de manutenção. Depois de ter visitado o museu de l’Orangerie, porém, fiquei com ainda mais vontade de ir ver a casa do Monet, os jardins que inspiraram as obras e o lago. Tentamos novamente uns dias depois e deu certo. A viagem de trem foi bem bonita passando por casinhas e cidades menores. Chegando lá, depois de mais um busão (que poderia ter sido um trenzinho aberto pelo mesmo preço, se tivéssemos euros em mãos em vez só de cartão), a sensação era mais calma e o ar mais fresco. Giverny é uma comuna pequena e super pitoresca – dá pra entender a motivação de Monet e as nuances de luz que rendem infinitas versões diferentes das paisagens.
No começo da visita à casa dele, tem uma salona com obras originais que por si só faz valer a viagem. Já a casa, por dentro, achei que tem cara de cenário tipo os quartos de Versailles também. Agora, a parte externa e os jardins são realmente extraordinários. Mesmo com todos os turistas e pessoas passando de um lado pro outro nos jardins que são estreitos, o lugar é sereno, sossegado. Sentei num dos bancos e fiquei lá admirando a água, o reflexo das árvores, as pontes. Se não fosse a fome que começamos a sentir eventualmente, acho que teria perdido noção do tempo.
Uma dica que eu dou, se você estiver com tempo quando for lá visitar, é comer bem antes de ir e deixar para comer pela segunda vez no dia de volta na cidade, antes de pegar o trem retornando à Paris. Nos quarteirões por perto da estação de trem há vários bares e restaurantes no estilo de Paris e, quando chegamos lá de volta, era happy hour e estava tudo bem movimentado e interessante.















O museu de Orsay
Eu não sabia muito o que esperar desse museu e também não havia feito muita pesquisa. O prédio é lindo por fora, grandioso e infinito. Passamos por ele algumas vezes ao longo da viagem e sempre me chamava a atenção. Por dentro, parece menor assim que você entra, mas aí você vai entrando e vai entrando e não para nunca mais de entrar. As estátuas são expostas de um jeito muito bonito e as salas com outras coleções são intimistas e convidativas. Mas minha parte favorita mesmo foi a impressionista com algumas das obras mais famosas do Van Gogh. Fiquei muito tempo em frente delas – talvez um tanto egoísta da minha parte levando em consideração que tinha bastante gente em volta mas eu não tava ligando muito. Dava pra chegar bem perto das pinturas e observar literalmente todos os detalhes, não tinha como NÃO ficar ali mais tempo observando.
Esse rolê também foi premiado com uma das melhores refeições que eu fiz em Paris. Dentro do museu, tem o: restaurante do museu. Já falei sobre minhas comidas favoritas nesse outro post então não vou repetir tudo aqui mas que lugar maravilhoso. Tudo que há de mais bonito em termos de arquitetura francesa junto com a melhor carne dos últimos tempos.
Fui olhar agora enquanto escrevia esse post e acabei de descobrir que o prédio do museu costumava ser uma estação de trem. Eu e minhas estações de 1900…







Caveau de la Huchette
Tava me faltando um pouco de música. Achei esse bar de jazz que pareceu legal e ficava aberto até tarde. Mal sabia eu que se tratava nada mais nada menos que o primeiro lugar onde jazz foi tocado em Paris. O prédio existe desde muito antes da época da Revolução Francesa. Na verdade a construção data de antes de 1500, segundo o site oficial do lugar que eu fiquei lendo num dos intervalos da banda. Num só, porque no segundo intervalo um senhorzinho de aproximadamente trezentos anos me tirou pra dançar e quase me deu um nó girando e me ensinando um passos.
Todo o ambiente da “caverna” é bem curioso e um tanto claustrofóbico. E tava cheio. Ao entrar, você já vê o bar cujos drinks não necessariamente recomendo mas um whiskyzinho com coca vai bem. Logo descobri que a ação mesmo é toda lá embaixo. Dá pra chegar por diferentes lados e os acessos são super apertados e misteriosos. Depois de ler um pouco da história obscura do lugar que foi palco de julgamentos e execuções na época da revolução, fiquei ainda mais curiosa para descobrir os outros cantos do lugar uma vez que todo mundo fosse embora bem vibes filme de terror.
Na prática, foi um show muito legal de jazz com um público extremamente diverso. Tinha gente de todas as idades curtindo tanto a música que fiquei até revigorada. Os jovens em grupo dançavam energeticamente, o povo da minha idade tava a maior parte em casaizinhos apaixonados e os mais velhos super compenetrados, observando tudo. Rolê muito legal, recomendo.
Aliás, minha dica: chegue mais cedo que o horário da primeira perfomance do dia lá no bairro pra dar uma volta. Eu não fiz isso e fiquei com vontade de voltar para fazer. Vi várias lojinhas, restaurantes mais simples com comida cheirosa e gente descolada.
Ah, e rola uma referência ao Caveau de la Huchette no filme La La Land. Também só fui descobrir isso depois.










Tô escrevendo esse post há mais de uma semana e chegando à conclusão que vai ser impossível zerar tudo de legal que vi em Paris. Chocante, né. É especialmente difícil resumir porque todos os meus lugares favoritos envolvem histórias e causos que vivi nos lugares então conforme vou narrando uma coisa, vou lembrando de outras e querendo contar tudo para eu mesma não esquecer dos detalhes. Me lembrem de contar sobre Montmatre, talvez numa crônica. Foi especialzinho demais e rendeu memórias que estarão pra sempre nas minhas paredes mesmo que eu ainda mude muito de casas nessa vida.
Paris foi muito mais incrível do que eu poderia ter imaginado. E acho que é só o começo da história.


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