O curso de Letras – Tradutor e Intérprete em Inglês foi o primeiro que fiz na vida e experiência foi bem legal. Passei no vestibular da Universidade Metodista de São Paulo com 16 anos (sim), em 2006, e me formei no final de 2009. Mas vamos começar do começo.
Diferente de muitas pessoas que hoje me mandam perguntas sobre esse curso, eu nunca tive o sonho de ser tradutora. Sempre gostei de inglês mas nunca tinha parado pra pensar que um dia poderia trabalhar com o idioma. Durante o último ano de ensino médio, eu estava focada em Jornalismo mas não sabia muito sobre o curso – meu sonho tinha a ver com a ideia de ser jornalista, escrever pra revistas, ter minha própria coluna publicada em algum lugar etc.
Esse é um erro comum que você provavelmente não está cometendo se chegou até aqui, inclusive. É crucial pesquisar bastante sobre a área e o sobre o curso que você está interessado em vez de só ficar fantasiando sobre como é. Hoje em dia existe muito mais informação sobre essas coisas (olha eu aqui escrevendo um post inteiro sobre minha experiência na faculdade!), então leia tudo que estiver disponível! Imagino que grande parte do pessoal que desiste de cursos universitários no meio não sabia no que estava se metendo quando fez a matrícula – ninguém merece perder esse tempo.
Acabei optando por tradução meio de última hora. Levei em consideração as matérias que eu estudaria, minha admiração pelo idioma e fato do curso ter só três anos, na época. Mesmo sem ter certeza de que era aquilo que eu queria, concluí que seria melhor do que ficar sem fazer nada até me decidir ou pior, ficar presa num daqueles cursinhos preparatórios que eu abominava.
Logo no primeiro dia, lembro que o professor disse pra todo mundo sentar no chão e depois daquelas superdivertidas dinâmicas de primeiro dia (ninguém escapa), explicou pra gente um pouco sobre o universo da tradução. Aquela primeira conversa foi fundamental pra mim porque até então eu não fazia ideia da quantidade de coisas que um tradutor (e intérprete!) pode fazer. Lógico, traduzir livros e textos é o que a gente sempre pensa primeiro, mas tem legendagem de filmes, tem interpretação simultânea em eventos, tem revisão de textos e um monte de áreas de especialização.
As minhas matérias favoritas eram as de gramática, fonética e as específicas de tradução de textos jornalísticos, científicos e midiáticos. Também gostava bastante de treinar interpretação simultânea, que até hoje afirmo ser uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Não curtia muito literatura e história, mas talvez hoje em dia eu até me interessasse mais.
Acho que só uma das matérias era ministrada em inglês e tenho quase certeza que era uma escolha pessoal da professora, mas isso leva à uma pergunta que recebo bastante: qual é o nível de inglês necessário para fazer o curso de tradução? É difícil responder isso porque depende muito de cada um. Na minha turma tinha gente de todos os níveis e foi por isso que eu comecei a dar aula. Ainda no primeiro semestre, quando a gramática começou a complicar, uma das professoras pediu voluntários para sessões extracurriculares de monitoria, os alunos que tinham dificuldade precisavam. Eu me voluntariei e foi ótimo porque explicar as coisas pros outros também me ajudava a estudar. A questão é que tinha um grupo grande na minha sala que mal conseguia se comunicar no idioma e, apesar dessas pessoas terem saído da faculdade com um inglês melhor do que tinham quando entraram, não significa que se tornaram boas tradutoras.
O curso de Tradução e Interpretação em Inglês ensina técnica. Você estuda vocabulário, gramática avançada, literatura, linguística e uma série de outras coisas bem específicas sobre português e inglês. Entrar achando que você vai aprender elementos básicos sobre inglês é um erro. Pra quem gosta de inglês e só quer ter uma chance de usá-lo mais frequentemente, recomendo cursos avançados em escolas de idiomas ou online, mesmo. Mesma coisa vale para quem quer ser professor. Para ser professor, você precisa se formar em Letras. Eu sei que nem todas as escolas cobram licenciatura, mas o curso de tradução definitivamente não te ensina a ser professor. Apesar do meu diploma ter Letras no nome, na época eu não estudei nada de psicologia, sociologia e pedagogia, por exemplo, que são matérias importantes em Letras. Quem estuda para ser professor também estuda muito mais literatura do que eu estudei em Tradução. Essas diferenças precisam ser levadas em consideração e sua escolha depende do que você vai querer fazer com o seu curso.
Outra dúvida bem recorrente é sobre o mercado de trabalho para tradutores e intérpretes. Eu não trabalhei exclusivamente com tradução por muito tempo depois que me formei porque eu não quis, mas sempre aparecia alguma coisa pra fazer. Traduzi manuais, revisei bastante coisa e fiz uma ou outra versão de material online. Trabalhei também como intérprete em feiras internacionais e outros eventos de negócios e educação. Desses eu gostava muito. Entre tradução e interpretação, preferia interpretação porque era muito mais interessante estar em contato com gente. Tradução você faz no computador sem poder pausar muito porque os prazos são sempre pra ontem. Pode ser deveras tedioso. Já os trabalhos com interpretação eram mais divertidos porque eu entrava em contato com outras culturas e aprendia muita coisa. É uma rotina bem mais dinâmica e, consequentemente, mais cansativa. Eu sempre saía destruída dos eventos. Feliz, mas podre de cansada.
Normalmente quem segue carreira nessa área entra pra alguma agência ou trabalha para alguma empresa porque é um bom jeito de garantir o salário no fim do mês. Dá pra trabalhar por conta, mas aí você precisa de contatos. Fala-se muito também sobre tradução juramentada e eu sinceramente não entendo muito do assunto, mas sei que sendo juramentado você pode traduzir documentos oficiais e ganhar bem mais pelo trabalho. É um esquema tipo concurso público que acontece uma vez a cada ano bissexto ao quadrado da hipotenusa do coseno. Realmente não sei mas nada que um Google básico não resolva, se você estiver interessada(o).
A experiência do curso foi bem legal pra mim. Não me arrependo nem um pouco de ter feito e em nenhum momento pensei em desistir. Tive uns professores muito bons, fiz amigos que tenho até hoje e aprendi muita coisa. Vale dizer que a faculdade não teve nada dessas loucuras que a gente ouve sobre universitários, então não se empolgue achando que vai beber horrores toda noite com o ~pessoal da facu porque não rola. Sabe aquelas faculdades que têm bateria oficial, festas que São Paulo inteira é convidada e que viram notícia no jornal da manhã? O mais louco que acontecia comigo era responder chamada pra minha amiga quando ela chegava atrasada.
Acho que isso é tudo, mas se tiver faltado alguma coisa ou se você tiver outras dúvidas, deixe nos comentários porque a sua dúvida pode ser a mesma de outra pessoa e eu vou responder tudo que eu puder! Espero ter ajudado!
Que material legal, Cíntia. Te acompanho há anos pelo conteúdo em inglês e tua forma de explicar com embasamento mas também com leveza. Agora, faço letras português /espanhol e esse texto me ajuda a entender o que posso fazer com o que tô vivenciando. Abraço
Oi Cíntia eu sou novo aqui no teu blog, esse é o primeiro Post que eu estou lendo aqui no seu blog, eu gostei bastante é interessante eu não estou familiarizado com faculdade eu nem mesmo fiz o ensino médio mesmo já tendo 21 anos, eu não falo nada de inglês nem o básico mas ler seu blog está despertando uma certa curiosidade em mim quem sabe eu tente aprender um pouco.
Eu criei um blog ontem só por diversão mesmo, eu fico muito entediado com facilidade então me ocupar com o blog está melhorando minha depressão um pouco.
Amei seu blog vou ficar acompanhando seu blog Aparti de hoje
Meu blog é ventoescritor.wordpress.com