Tinha tudo para ser um dia normal de trabalho porque caiu numa quinta-feira, meu dia mais cheio de aulas. Quando o despertador tocou as 6 da manhã, abri a janela e o céu já estava num degradê perfeito de azul, sem nenhuma nuvem. Só tinha chovido na semana anterior.

Me deu vontade de arrumar o cabelo – liguei pra um cabelereiro aqui perto e fui depois das primeiras aulas da manhã. Enquanto tava lá, amando que a aparadinha nas pontas já tava me fazendo sentir mais leve, chegou mensagem da minha mãe dizendo que dentro de uma hora “algo” aconteceria. O céu seguia perfeito. O dia, quente.

Voltei e tinha bolo de chocolate com avelã, docinhos de nozes e folhados de palmito me esperando em casa, de presente dos meus pais. Tirei fotos com o mofilho e dividi um folhado de palmito com ele. Gravei vídeos de trabalho e preparei algumas coisas para uma reunião que teria mais tarde até a hora do almoço: sushi no meu restaurante favorito com uma amiga nova.

Eu tinha um intervalo grande até começarem minhas aulas da tarde. O céu continuava azul vibrante sem nuvens – só sol. Fui pra piscina fazer a primeira fotossíntese do meu novo ano e pensar um pouco. Eu sempre gostei muito do céu, da Lua, das estrelas. São coisas que me deixam quase que hipnotizada. Talvez tenha alguma coisa a ver com o meu nome que é conectado à Artemis, da mitologia, talvez seja porque é um jeito deveras eficiente de Deus me fazer lembrar de falar com ele, talvez seja só uma coisa minha, mesmo. O som da cidade em volta foi sumindo e eu me senti conectada. Quente e contente com o sol. Bem. Quando voltei para casa para tomar banho e me arrumar para a segunda fase de trabalho do dia, tinha um arco-íris no meu sofá. Tão bonitinho, colorido e completo. Lembrei que esse sofá foi feito especialmente para mim, do meu jeito, para a minha casa. Tudo parecia presente.

Dei as aulas da tarde e noite, emendei uma reunião importante sobre minha ideia de produto para o próximo mês e vi o sol se pondo devagar pela janela do meu escritório. Primeiro amarelo e azul, depois laranja e azul, depois tudo rosa e finalmente azul escuro. Minha aluna riu enquanto eu tirava foto de cada uma dessas variações só porque eu acho lindas mesmo. Quando terminei tudo, percebi que as notificações do meu celular estavam subindo exponencialmente num dos grupos do pessoal do prédio. Eles já tinham me convidado para uma noite de jogos na casa de um deles e eu já tinha falado que iria. Me troquei, peguei o bolo e as velinhas que eu tinha encomendado para levar pra eles e desci. Um deles precisava de ajuda para buscar algo no salão de jogos e fomos. A noite estava mais fresca, o céu continuava limpinho e a lua brilhava forte.

Era uma festa surpresa pra mim. Fizeram doces, encomendaram bolo e decorações com piadas internas que já temos, me deram roupas lindas de presente. Depois de muito encherem meu saco, conseguiram me fazer “dar um discurso” e depois provavelmente se arrependeram, porque eu sou professora e falar paporra na frente de pessoas não é nem nunca foi um problema.

Eu tava surpresa de fato e emocionada do meu jeito estranho de ficar emocionada então nem sei se consegui fazer sentido na hora, mas agora, alguns dias depois, sei que o que eu quis dizer é que tê-los preparando algo especial pra mim é um presente muito maior do que eles entendem. Contei para o grupo todo, com um pouco mais de detalhes, sobre o contexto da minha mudança de casa e o quanto essa mudança também significava algumas coisas diferentes pra minha vida. Que eu me comprometi a sair da minha zona de conforto da independência de tudo e todos e estar mais inserida em atividades com outros seres humanos, que o fato de eu sequer participar de grupos no WhatsApp já é um troço completamente fora do meu normal e que apesar de eu demorar pra ficar confortável de verdade com pessoas novas, se eu tô ali é porque elas podem contar comigo.

Dois dias depois, eu tava acordando cedo para ir ao show dos Backstreet Boys – presente que ganhei também e acabou dando mais certo do que o planejado. Quando a minha aluna contou, no começo do ano passado, que havia comprado o ingresso para mim como presente, eu achei um gesto tão, mas tão legal… Eu conto sempre a história de que aprendi inglês porque gostava dos Backstreet Boys quando era criança então ter essa experiência aqui no Brasil depois de tudo que construí ensinando inglês nessa vida seria no mínimo muito louco. Mas foi melhor.

Minha vida toda mudou desde então. O movimento que eu fiz puxou muitas outras coisas positivas que ampliaram meu jeito de perceber as coisas, pensar e agir. Ouvir Larger Than Life nunca não foi eletrizante – vê-los na minha frente, de pertinho, dançando e cantando sobre como o amor afeta a realidade deles, foi sensacional.

Se posso dizer qualquer coisa para você que leu até aqui com base nessas coisas todas que tô contando e em outras que não tô, é que saber o que é importante pra gente e fazer o que precisa ser feito é um caminho bom. Colocar as coisas em movimento nem sempre é a opção mais fácil, mas vale a pena. Happy 33 to me 🥳

3 respostas para ‘Fiz 33

  1. Feliz 33, Cintia! Acredito que o melhor caminho é aquele em que a gente se encontra bem. Seja como for, estar bem deveria ser a prioridade de todos. Estar bem. Com pessoas que nos querem bem. Saindo da zona de conforto pra expandir, pra voar mais alto. Acredito que essas mudanças são necessárias e que você fez muito bem em sair da sua caixinha. Você é inteligentissima, bandosa, engraçada e as pessoas merecem te conhecer. Você merece conhecer as várias boas faces da vida. Que bom que está feliz. Que essa felicidade só aumente. Que você encontre todas as boas pessoas que existem nesse mundo. E que todos os bons momentos sempre te acompanhem. Que o seu céu sempre seja colorido e que Deus esteja sempre contigo.

  2. Cintia, fui ao show dos BSB um dia antes e, naquele momento, pensei: Cintia deveria estar aqui, seria incrível esse show, pra ela! Que bom que deu tudo certo!!! 😉

  3. Eu mesma sou uma das pessoas que ouviu a história de ter aprendido inglês por gostar deles (saudades Cintia disse no yt, inclusive :)) E é muito legal e interessante ver que existe uma trajetória que vem de lá e tem feito colher frutos. Obrigada pelo texto e por compartilhar. Feliz novo ciclo! 🙂

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